A
perspectiva sociológica vai além das fachadas sociais. Mas o que é tais
fachadas?
Primeiro
temos que ter noções lógicas do que é sociedade. Sociedade é um sistema de
relações. Porém essas relações tem dois âmbitos. Para definirmos essas
relações, tem que haver uma certa autonomia, do que é social ou individual.
A
sociedade viabiliza as emoções por meio de seus princípios, como a linguagem. O
espaço social é uma ação voltada para o outro, consciente ou inconsciente, é no
campo social que existe “tudo que não é natural”. Já a individualidade é fruto
da produção da sociedade, exemplo você não é indiano, hindu, judeu pois a
sociedade em que você vive não tem essa hegemonia. O individuo guarda uma marca
de autonomia, mesmo inserido numa sociedade que o define.
Outra
marca do individuo é a subjetividade,
é a psicologia do individuo, é entendida como o espaço de encontro do indivíduo
com o mundo social, resultando tanto em marcas singulares na formação do
indivíduo quanto na construção de crenças e valores compartilhados na dimensão
cultural que vão constituir a experiência histórica e coletiva dos grupos e
populações.
"Eu sou roqueiro, gosto de física e sou socialista"
Ele seria assim se estivesse
inserido em outra sociedade? E se ele fosse chinês, europeu, ele continuaria
assim? Que influência ele sofre?
A
especificidade do olhar sociológico
O que
move um sociólogo a pesquisar? Em geral,
isso acontece quando ele procura resolver algum problema que o intriga na
sociedade. Isso implica entender “por que” ou “como” algo acontece, mas também
pode significar compreender o sentido da ação dos índividuos.
O
que interessa um sociólogo não é necessariamente o que as pessoas chamam de “problemas”.
Talvez o que o interesse é por que as pessoas consideram aquilo como problema. Essa é a diferença básica de
um problema social e um problema sociológico, O “problema social” é algo na sociedade que não funciona bem segundo
as interpretações oficiais, enquanto o
problema sociológico é a compreensão do que acontece em termos de interação
social, saber de que forma a ordem social funciona.
O
olhar sociológico é constituído de:
Desnaturalização
É tirar
do senso comum ações, práticas ou conceitos que consideramos normais, ou ‘naturais’.
Perceber o habitual como se fora algo novo. Um exemplo clássico é a sexualidade, ser homem
forte, insensível, rude é natural do ser masculino?
Desconfiança
É uma
postura de estranhamento, mesmo que a pesquisa envolva um objeto conhecido. O sociólogo
deve desconfiar em relação as versões oficiais. Olhar além das fachadas sociais, o que isso significa? Que o sociólogo
não se restringe aos conceitos que a sociedade estabelece. Por isso tal olhar
tende a desmascarar o ocultamento das relações sociais.
Relativização
A
perspectiva sociológica relativiza tudo. ‘Isso só é possível, pq existe isso’, a
perspectiva sociológica pode se interessar pelo que a sociedade rejeita, e pode
ser utilizada para diversos fins, sendo perigosa ou não. A perspectiva sociológica, ou seja, a maneira do sociólogo analisar a
sociedade pode ser usada para a dominação do objeto estudado ou por simples
compreensão. Como você vai controlar uma
sociedade se você nem a conhece?
O
olhar sociológico permite que você tome consciência de coisas inconscientes, Bourdieu
afirma que a sociologia rompe as perspectivas do senso comum, e isso pode ser
uma ferramenta de qualquer individuo.
v
Enquadramento
Para
um sociólogo pesquisar a sociedade é muito vago. Exemplo, quero saber sobre os
gays de Salvador. Quais gays? De que classe social? De toda raça? De que faixa
etária? Vai usar apenas lésbicas ou gays? Ir afunilando seu objeto é um
enquadramento.
Aplicando
a perspectiva sociológica
Uma
parte essencial e muito fácil é como a sociologia opera nas dimensões objetivas e
subjetivas. Somos estudantes de química,
e sabemos o objeto do nosso curso. Por exemplo, não vamos conversar com o
átomo, pergunta como ele se sente, se hoje ele quer ser um salva-vidas, ou se o
átomo depois de ver o artigo que fizemos sobre ele vai se chatear e mudar de
atitude. O átomo, os planetas, ou qualquer objeto das ciências naturais
obedecem ás leis estabelecidas, enquanto o objeto da sociologia não.
A
sociologia não busca explicar os fenômenos pelos caracteres externos, objetivos
apenas formulando pelas leis gerais. O objeto (a sociedade) é vivo, ativo,
consciente, muda ao longo do tempo e o melhor pode alterar suas ações em função
do que o sociólogo escreve sobre ele. Assim o sociólogo tem que operar nas dimensões objetivas : “por que” ou “como”
algo acontece e nas dimensões subjetivas:
compreender e desvendar o sentidos das ações atribuídos por grupos e indivíduos.
Prestem
bem atenção, o sociólogo é o que? Homem social e ele estuda o que mesmo? Homens
na sociedade. Percebeu? O sociólogo está inserido no seu objeto ao mesmo tempo ele
estuda o objeto. Além disso, o objeto da pesquisa social não é passivo, neutro
ou objetivo, como eu já disse, o cientista e os grupos estudados usam a mesma
linguagem eles podem alterar suas ações. Isso é a dupla hermenêutica . Não se esqueça... o nome da rádio começa com D,
de dupla hermenêutica. Anthony Giddens que utilizou esse termo para afirmar que
é difícil ter leis gerais nas relações humanas.
Sociologia e diversidade de técnicas
ü Quantitativo
Os métodos quantitativos tem
como conjunto de ferramentas e técnicas que buscam explicar o comportamento social em índices mensuráveis. É concisa e objetiva, ou seja, a partir dos métodos
quantitativos é possível explicações, mas não compreensões. Esse tipo de
pesquisa lida com amostragem (conjunto limitado de pessoas que representam o
total). Exemplo: estatísticas,
percentual, pesquisa eleitoral, IBGE.
É importantíssimo salientar que não
há OPOSIÇÃO entre duas modalidades de métodos, sendo elas complementares.
ü Métodos Qualitativos
Esse método busca algo mais profundo, busca
compreender e elucidar os sentidos e lógicas da motivação dos agentes, é
baseado na subjetividade da sociologia. Algumas técnicas qualitativas:
Trabalho de Campo
Estudar um fenômeno social indo
até ele e frequentando o objeto escolhido. Isso envolve estar atentos ao objeto
no seu espaço, por exemplo: rotina, linguagem, hierarquia, resolução de
problemas. Ele pode usar entrevista, observações gerais.
O trabalho de campo envolve
evitar pré-julgamentos, você não pode
visitar uma aldeia de índios pensando que eles são pré históricos e atrasados,
você precisa perceber a logica dos próprios agentes.
Observação participante
È quando você sai do papel de
mero observador, e tenta interagir junto
com os indivíduos que você está estudando, tenta se comportar como eles, agir
como eles, compreender como eles. È uma forma de trabalho de campo.
Estudo de caso
Você pode estudar o caso, mas
não precisa ir até o objeto. Você usa detalhes sobre um grupo social e pode
combinar métodos qualitativos e quantitativos para confrontar a teoria com o
empírico.
História de Vida
São fontes orais, onde é
usado a a analise de um grupo ou indivíduos com base nas suas biografias, a
linhagem familiar, no modo em como eles contam suas histórias, pois de uma
forma de outra as mudanças que ocorre no decorrer da sua vida forma quem você é
hoje.
Nessa técnica, buscam ver o
sentido que ‘Daniel’ dar as experiências que eles viveu e não como era o
passado de ‘Daniel’. Mas os dados orais são confiáveis? Bem vindo ao dilema das ciências sociais.
Grupo focal
È a entrevista com várias
pessoas ao mesmo tempo, depois eles analisam ruas reações individualmente.
Método Comparativo
Trabalha-se com vários
estudos de caso numa perpectiva mais ampla que permite fazer afirmações mais
gerais sobre a relação entre causa e variáveis.