segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Vale a pena apostar novamente?


Os jovens eleitores não sentiram e nem viram o outro governo. Eles estão com uma ‘faca de dois gumes’ na mão, o passado de Mário influenciará no seu governo atual?


Por Débora Oliveira, Elizabete Araujo e Kamilla Carvalho



Mário de Melo Kertész, político, administrador e radialista, tenta pela terceira vez a posse do palácio Tomé de Souza. O candidato administrou Salvador entre 1979 e 1981, sendo indicado por Antonio Carlos Magalhães. Já seu segundo mandato ocorreu por meio do voto popular, sendo o primeiro prefeito de Salvador escolhido após a Ditadura Militar.

Nesta entrevista, Mário Kertész conta porque voltou a concorrer à prefeitura de Salvador após 23 anos afastado da política, como sua experiência administrativa pode lhe favorecer, esclarece questões sobre sua relação com ACM e outros. Kertész se considera o candidato mais capacitado ao cargo, preparado para enfrentar e vencer os problemas de Salvador.


O que levou o senhor a seguir a carreira política?
O amor e a vontade de trabalhar pela cidade. Por isso, comecei minha vida pública muito cedo. Aos 22 anos, fui convidado pelo professor Luís Sande para ser diretor da Secretaria de Indústria e Comércio de Salvador. Depois, fui subsecretário da Secretaria Municipal da Fazenda, na gestão de Antonio Carlos Magalhães, em 1967, presidente da Fundação de Planejamento (CPE) e secretário de Planejamento, de 1971 a 1975. Quatro anos mais tarde, ACM me indicou para ser prefeito, onde fiquei até 1981. Em


1986, retornei ao cargo, eleito com 67% pela população soteropolitana na primeira eleição direta municipal. Tive um mandato de três anos. Em 1988, consegui eleger meu sucessor e, em 1992, encerrei minha carreira política.

Quais motivos, depois de 23 anos fora de disputas eleitorais, o fizeram voltar à vida política?
O entendimento de que a cidade está, neste momento, abandonada, desassistida de tudo - saúde, educação, segurança, mobilidade urbana - com a autoestima lá em baixo e que tenho um bom projeto para governá-la. Salvador precisa de um prefeito que seja administrador, cumpra o seu mandato de quatro anos, sem pretensões de esticá-lo por mais quatro, e consiga, ao lado de uma boa equipe, dar à nossa cidade a infraestrutura que ela precisa para estar entre as melhores capitais do país. Em razão desse projeto, que nenhum outro candidato pode oferecer, resolvi me candidatar. Estou disposto a dar toda a minha energia para cuidar de Salvador.

O senhor é formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal da Bahia. Também lecionou como professor. Como sua formação ajuda na vida política?
É muito importante. Os conhecimentos adquiridos na faculdade de Administração ajudaram bastante a compreender a gestão municipal. Administrar uma cidade é uma tarefa muito complexa. Quanto mais capacitada a pessoa estiver, mais fácil conseguirá atender às demandas dos cidadãos.

No cenário atual, o grande desgaste de Jacques Wagner e de Nelson Pelegrino devido às greves realmente favorece a sua candidatura?
O que favorece a minha candidatura é o fato de eu ser o único candidato na disputa que não tem pretensões políticas, que não quer usar a Prefeitura como trampolim para 2014 ou fatiá-la entre dezenas de partidos aliados. Eu só quero governar Salvador por quatro anos e buscar soluções para os problemas sem medo de cara feia e com uma equipe técnica qualificada. O desgaste do governador é natural e reflexo de alguns equívocos de sua gestão. Faz parte do jogo político. Wagner é meu amigo, uma pessoa com quem tenho uma boa relação. Caso seja eleito, sempre que for preciso, não terei problema nenhum em sentar para conversar e cobrar mais ações para a cidade.

 “Me afirmo como único candidato que pode trazer o melhor do carlismo                                                                                                      [...] e o melhor do petismo [..].”


Quais as suas propostas para a educação? E como se contrapõem ao descaso em que se encontra a educação soteropolitana?


Tenho um projeto para educação na cidade, coisa que o atual prefeito nunca teve. No meu plano de governo, que em breve estará disponível no meu site, irei detalhar todas as ações. As principais ações serão a adoção do Sistema Integral, onde o aluno permanecerá na escola o dia todo, a construção de Centros Comunitários de Esportes e Lazer nos bairros, em parceria com a iniciativa privada, acelerar a implantação de banda larga e a oferta de laptops aos estudantes e a criação de um plano de cargos e salários para os professores.

Sabemos que Salvador vive também do turismo, no entanto, presenciamos, nos últimos anos, o descaso dos governantes com centros turísticos importantes para a economia soteropolitana. Prova disso, é o abandono em que se encontra o Pelourinho. Quais os seus projetos, caso seja eleito, para a área de turismo em Salvador?
O turismo será um dos pilares do meu governo. Salvador é uma cidade de vocação turística, que precisa ser aproveitada e potencializada. Por isso, criarei a Secretaria de Turismo, onde trabalharei dia e noite, junto com a minha equipe, para revitalizar o Centro Histórico e todos os pontos turísticos da cidade. Já enfrentei uma realidade de abandono parecida com essa quando fui prefeito e consegui, com ações enérgicas e planejamento, modificá-la. Com o mesmo afinco, enfrentaremos esses e outros problemas e venceremos novamente.

Na sua campanha política, o senhor dá ênfase à cultura baiana e como valorizá-la. Com relação à Copa de 2014, como o seu governo pretende preparar Salvador?
Vou melhorar a cidade e prepará-la para receber dignamente os turistas e os moradores. É o que dá para fazer no curto tempo que resta até os jogos. O futuro prefeito terá apenas 18 meses para por ordem na casa e deixar Salvador arrumada para a Copa do Mundo de 2014. Seria muito fácil chegar aqui e prometer coisas mirabolantes, como alguns vêm fazendo, para depois não cumpri-las. Mas temos que ser realistas, enfrentar e vencer com muito trabalho a nossa realidade atual.

No debate promovido pela TV Bandeirantes, o senhor disse: “As coisas ficam muito parecidas. No final, eu acho que o que vai valer é a capacidade e a experiência". Isso revela que o senhor tem vantagens sobre seus candidatos, por ter administrado Salvador duas vezes?
Sem dúvida nenhuma. Dentre os nomes que disputam esta eleição, sou o único que já foi prefeito e atuou durante muitos anos no Poder Executivo. Uma cidade tão cheia de problemas como Salvador precisa de um gestor competente, experiente e que saiba montar uma boa equipe. E tudo isso eu já fiz e, se for a vontade da população, farei novamente.

Durante seus dois mandatos como prefeito o que o senhor fez de mais importante para a capital baiana?
Fiz várias obras importantes, em especial as relacionadas à mobilidade urbana. No meu segundo mandato, deixei Salvador preparada para receber um sistema de transporte com diversos modais, ônibus articulados e Veículos Leves Sobre Trilhos, o que, com certeza, amenizaria os transtornos atuais do trânsito. E isso foi há 24 anos. Infelizmente, por questões políticas, os gestores que me sucederam não deram prosseguimento ao projeto e deixaram a cidade à mercê da falta de planejamento.

Uma das suas frases marcantes foi no programa Brasil Urgente, quando perguntado sobre uma aproximação com João Henrique disparou: "Vade retro, Satanás". Em que aspectos suas propostas se diferem do atual Prefeito de Salvador?
Em tudo. Ao contrário dos outros candidatos, que tiveram participação importante nos oitos anos do governo atual e hoje são apoiados ou pelo partido dele ou pelo próprio prefeito, posso dizer tranquilamente que ele é uma pessoa sem a menor qualificação para exercer o cargo que ocupa. Sempre fiz oposição ao prefeito, e a rádio foi até multada por causa disso. Caso seja eleito, serei um prefeito visível, que não desaparece da cidade em momentos importantes, ativo e com uma equipe de técnicos qualificada para me auxiliar, assim como fiz nos meus dois mandatos anteriores.

As pesquisas apontam ACM Neto como primeiro lugar invicto, tendo uma diferença mínima entre o senhor e Nelson Pelegrino. Com tal campanha, o senhor acha que concorrerá com o candidato democrata no segundo turno?
Não tenho dúvida de que estarei no segundo turno. Só falta saber com que adversário. A pesquisa é um retrato da vontade momentânea de uma parte da população. Não define eleição. Se fosse assim, Paulo Souto teria vencido a eleição para o governo em 2006 e o próprio ACM Neto seria o atual prefeito de Salvador. Por isso, é bom sempre analisar com cuidado os resultados apresentados e continuar a trabalhar na campanha.

A revista Época trouxe a seguinte notícia: o deputado ACM Neto (DEM), de 33 anos, fez piada com a idade de seu adversário do PMDB, o radialista Mário Kertész, de 67 anos: “Você precisa arranjar uma bengala para ele”. A sua idade interfere na sua candidatura?
Traz o benefício da maturidade e da experiência. Sinto-me totalmente preparado para enfrentar e vencer os problemas de Salvador. A afirmação do deputado, além de preconceituosa, revela a sua falta de maturidade política para encarar os seus adversários. É bom ele não se esquecer da história e de que o seu avô, com muito mais idade do que eu, governou com muita competência a Bahia.

O site Paulo Afonso Notícia declara o seguinte: “(Mário Kertész) tenta utilizar as ondas da rádio Metrópole FM com objetivo de construir uma imagem de homem capaz, competente, dinâmico.” Ser diretor e radialista de uma emissora de rádio traz vantagens sobre os outros candidatos?
Não enxergo as coisas dessa maneira. Na verdade, não levo vantagem alguma. Dos principais candidatos, fui o último a entrar na disputa e o único que não é político. Como disse, sou administrador. A matéria desse site está equivocada. Sempre trabalhei com seriedade e competência em tudo que fiz. Foi assim durante toda a minha vida. As pessoas sabem e reconhecem isso. Não preciso criar imagem em rádio para me estabelecer. Quem me conhece ou já trabalhou comigo sabe do que estou falando.

O que levou o senhor a romper com o Carlismo? E suas ações no passado, ligadas a esse movimento, podem de certa forma ‘respingar’ na sua candidatura?
Não acho que isso vá prejudicar minha candidatura. Nunca neguei a influência de ACM na minha formação política. O considero um dos maiores políticos que já convivi. Todos os baianos sabem da sua capacidade administrativa e dedicação a nossa terra, coisa que Salvador necessita agora. Mas, ACM era uma pessoa centralizadora e de temperamento difícil. Por isso, me distanciei. Concluindo, me afirmo como único candidato que pode trazer o melhor do carlismo, que é o amor por Salvador, e o melhor do petismo, a capacidade de agregar pessoas em torno de ideias.

Será o retorno do Carlismo?


Para os jovens eleitores , quem realmente é ACM Neto? Será que é apenas o reflexo do avô? O candidato á Prefeitura de Salvador vai além desse parâmetro.


Por Débora Oliveira, Elizabete Araujo e Kamilla Carvalho


Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, herdeiro de uma das mais tradicionais famílias políticas do país está no terceiro mandato como deputado federal e tem aprovado muitos projetos em prol da Bahia. Apesar de ser neto do falecido Antonio Carlos Magalhães (ACM), uma das figuras baianas mais importantes da esfera política, ele tem mostrado uma campanha nova, diferente do “carlismo”.  Aos 33 anos, disputa pela segunda vez a prefeitura de Salvador.

A sua campanha política em 2012 é baseada em aspectos principais, como: criar um centro de advocacia voltado para mulheres vítimas de violência doméstica, planejar uma educação em tempo integral e requalificar o grande potencial da nossa cidade, o turismo. E com essas propostas, ACM Neto parece estar agradando a população de Salvador, já que aparece em primeiro lugar na pesquisa de intenção de votos. Por isso, precisamos conhecer melhor esse candidato para não ser apenas baseado pelo legado deixado por seu avô.


O que levou o senhor a seguir a carreira política?
A política está no meu sangue. Desde muito cedo, participo das campanhas de meu avô, do meu tio e de outros políticos. Além disso, tem a vocação natural. Poderia ter optado por seguir carreira no Direito ou no setor empresarial, mas o que gosto de fazer mesmo é servir na vida pública.

Quando era estudante do Ensino Médio, foi integrante de algum grêmio? Se sim, como essa participação ajudou-o a decidir pela política?
Fui sim. Também fui síndico mirim do meu prédio. Ou seja, sempre gostei de participar 
desses movimentos.

O senhor é formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Por que não exerceu a profissão de advogado?
Como sua formação ajuda na vida política?
 Porque optei pela vida pública. O Direito me ajuda muito no Congresso, onde a gente tem que estudar e saber muito sobre a Constituição, as leis e o Regimento Interno.

O que te levou a abandonar o cargo de deputado federal para ser candidato à prefeitura de Salvador?
Não abandonei o cargo. Continuo deputado e líder do Democratas. Optei por ser candidato porque quero trabalhar para resgatar a autoestima da nossa cidade. Estou preparado para isso.

A escolha como candidato do DEM causou muitos rumores. A mídia, por exemplo, sugeriu que sua candidatura foi imposta, isso foi verídico?                                                           
Só se foi imposta pela vontade popular. A minha candidatura nasceu nas ruas de Salvador. Não foi de vontade própria ou imposta por nenhum partido. De modo que isso é choro de quem está mais preocupado em fazer politicagem.
 
O que diferencia o senhor dos outros candidatos?
 Eu acredito que Salvador pode voltar a andar com as próprias pernas, resgatando sua capacidade de investimento e planejamento do futuro.Ao contrário dos meus adversários, eu apresentei um plano de governo com esse objetivo.

No cenário atual, o grande desgaste de Jacques Wagner e de Nelson Pelegrino, devido às greves, realmente favorece a sua candidatura?                                      
Nunca, em momento algum, a gente tirou proveito político da greve, como fazia o PT no passado. A gente faz política de outra forma. Agora acredito que o movimento contribuiu para o desgaste do PT sim.
    
“Não
podemos deixar que o único legado da Copa seja um estádio construído pela
iniciativa privada.”



Na sua campanha política, o senhor tem dado enfoque às mulheres, escolhendo uma representante feminina como vice. Conte-nos sobre o seu projeto de criar um centro de advocacia voltado para mulheres vítimas de violência doméstica.
Esse centro vai funcionar em convênio com entidades como o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil. Ele é prioridade em nosso plano de governo. Além disso, também vamos construir uma maternidade no Subúrbio e implantar programas de capacitação profissional voltados para as mulheres.

 Quais as suas propostas para a educação? E como se contrapõem ao descaso em que se encontra a educação soteropolitana?

 Vejo um descaso no âmbito estadual. Em Salvador, temos problemas, mas houve avanços. Hoje, tem professor da rede municipal em Salvador ganhando quase R$10 mil. Todo mundo reconhece isso, inclusive o PT já o fez de público. A Secretaria Municipal da Educação, ao contrário do governo do estado, concedeu o reajuste de 22,22% e tem honrado os compromissos com a categoria. Agora, claro que precisamos avançar muito, inclusive na melhoria das condições físicas das escolas. A escola precisa ser voltada para toda comunidade, e não apenas para os alunos, e tem que ser em tempo integral. Nós vamos implantar Centros de Educação Integral inicialmente em Cajazeiras e no Subúrbio e aumentar o tempo de aula em toda rede em uma hora.

Sabemos que Salvador vive também do turismo, no entanto, presenciamos, nos últimos anos, o descaso dos governantes com centros turísticos importantes para a economia soteropolitana. Prova disso, é o abandono em que se encontra o Pelourinho. Quais os seus projetos, caso seja eleito, para a área de turismo em Salvador?
A grande indústria de Salvador é a do turismo. Essa é a vocação da nossa cidade. Por isso, vamos requalificar o Centro Antigo da cidade, que vai ganhar dois museus, o da Música e da Baianidade, e a orla, que precisa de novos investimentos do setor privado, e vai ganhar com incentivos fiscais. Além disso, na orla vamos ampliar calçadões e organizar o comércio informal. Queremos também estimular o primeiro emprego de jovens com cursos de qualificação voltados para o setor turístico. Temos uma Copa do Mundo se aproximando e essa é uma oportunidade única para a cidade.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mistérios da Realidade part. 3



Minha vida eclesiástica 

Agora  que já conheces a minha família, tentarei me relembrar dos meus anos antecedente á escola, pois eles praticamente determinaram meu futuro. Eu fui o único dos 5 filhos do Antônio que estudou em colégio eclesiástico. Isso não se derivou da fé de minha mãe nem da devoção do papai, essa ideia foi do Padre José Dirceu! Ele era da igreja de São Bento, onde funcionava uma escola e um monastério conjugado. Até hoje não me conformo de ter ido para aquele antro.... Eu era imperativo e isso foi determinante na escolha do infeliz padre. Certa vez, Quando conversara com o Augusto, tive uma ideia fulminante:
- Guto, descobri a forma de azucrinarmos o Chico, ele gosta muito de gatos, assim podemos pegar um dos gatos dele e amarrar o rabo no fundo do bondinho.E simples: Ele ficará vermelho de raiva!
- Bentinho, Você sabe o que a mamãe acha das suas traquinagens... Isso só vai lhe trazer problemas!
- Ora Bolas, você parece uma marica! marica! mariquinha!
- Pare logo! Estrupício! Caraca!
- Você disse o que?
-Ops... - Eu vi o medo refletindo nos olhos de Augusto, era a minha chance de ter sua ajuda;
- Se você não me ajudar no meu plano, contarei a mamãe que tem boca suja e você terá que ir se confessar com o padre José Dirceu!
 Quando eu estava completamente inspirado e voltado para findar o meu suborno épico,estilo á la Hitler, o meu tio Valentim chegou e estraçalhou meus planos. Ele puxou minhas orelhas até a minha mãe, me acusando de fazer propinas, desencaminhar meu próprio irmão e atrocidades de assustar até um demônio! Quando minha mamãe ouvira todo relato pintado por Valentim, parecia que tinha criado um criminoso. Eu fiquei com vergonha, mas afinal, não tinha feito nada! Nem cheguei a tocar no gato, tão pouco contei nada a mamãe sobre o Guto, porém ela estava muito fragilizada devido o descobrimento da doença de Amadeu. Enfim, desesperada pela quinta traquinagem da semana, ela foi da Graça á Avenida Sete, para a Igreja de São Bento se confessar e pedir orientação à José Dirceu. A partir deste episódio com apenas 7 anos fui estudar no colégio São Bento.

Eu estava destinado a me livrar daquela conjuntura, aquele presbítero iria se arrepender de ter dado aquele conselho para mamãe. Todavia, eu me adaptei rapidamente a instituição e fui logo me aproximando dos professores, com exímio respeito.As minhas traquinagens se findaram? Jamais! O pior, não foi o fato que sucedeu a minha estadia no monastério, mas sim o que eu cometera dentro dele. Era rotina diária, antes da aula reunir todos os alunos para uma oração matinal, porém em dias festivos ela se tornava mais extensiva e entediante. Certo dia, depois de uns 3 anos estudando em tal cárcere,  eu percebi que tinha um freira em especial que era muito estimada e graciosa, não tinha aparência desgastada ou desgostosa da vida. Ela era uma linda moçoila... logo tratei de descobrir seu nome, por que estava  ali tão jovem e passei a entrar as escondidas no convento para ver se me aproximara de alguma forma da minha paixão secreta. Se papai soubesse, eu era um deserdado, se mamãe descobrisse, eu era um excomungado e se o padre estipulasse, eu era herege. Por isso minha paixão ficou em segredo até agora. Até agora.O seu nome era Lindinalva Martins, era de Ilhéus, herdeira de uma das famílias cacaueiras mais famosas da Bahia, abandonara o luxo para viver naquele martírio. Mais o que me interessava tanto nela, não era sua beleza, ou sua delicadeza era o que ela escondia embaixo da batina!

Não é nada capcioso, era apenas curiosidade de moleque, diz a lenda que havia muitos Cruzeiros e as chaves de todas as portas do mosteiro. Se eu achasse seria rico e ainda teria Lindinalva para casar comigo! Por isso numa daquelas orações matinais, ficávamos em  fila indiana, enquanto as freiras passavam, os garotos apenas olhavam, enquanto eu fitava a chegada de Lindinalva. Quando ela passara perto de mim, eu não tive reação,puxei lhe o capuz de tanta afobação, tive a maior decepção de minha vida.... Lindinalva era careca! Todas as minhas fantasias, minhas ilusões se despedaçaram de uma só vez! Ela era careca! Não me importava se ia ser expulso, se teria de pagar penitência ou até mesmo ser deserdado nada mais fazia sentido depois daquela cena trágica. Fui punido e castigado pelo que fiz, papai me deu 5 sessões de palmatória, a dor física não tinha mais valor, mais a dor emocional de ter visto Lindinalva careca, foi pior... muito pior, pois eu tinha perdido minha primeira ilusão romântica.