Ideias, quem é que pode definir com exatidão o que é ideias? é simples...Pensamentos?Ou é algo tão complexo que Platão preferiu partir do mundo inteligível?Ou uma questão que faz mudar o sentindo do realismo? Este blog tem como objetivo reunir tais ideias, e promover discussões a base delas. Bem vindos!
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
Vida de Agostinho
Ele nasceu em Tagaste, uma província romana situada ao Norte da África, atual Argélia, no dia 13 de novembro de 354. . Recebeu o nome de Aurelius Augustinus, filho de pai pagão e sua mãe uma devota cristã. O pai depois se converteu ao cristianismo. Aos doze anos de idade, Agostinho foi enviado por seu pai a Madaura, cidade próxima de Tagaste, para se dedicar aos estudos. Mais tarde, com a ajuda de Romanino, amigo de seu pai, foi para Cartago concluir seus estudos. Ensinou em Cartago, e depois em Roma, mas não gostou da postura dos estudantes e por fim foi dar aula em Milão. Lá, por causa de sua mãe, começa a frequentar a missa aos domingos e ouve os sermões do bispo Ambrósio, empregnados de neoplatonismo, que serviram de ponte para sua conversão ao cristianismo em 386. O santo também teve uma parte da sua vida como uma balbúrdia, foi quando teve um filho na qual mantinha contato contínuo. Qual sua mãe morreu, demorou um tempo, e no outono de 388 voltou para Tagasta, depois fundou uma espécie de mosteiro na casa de seu pai. Alguns anos depois Valério, o confiou como bispo de Hipona. O mesmo morreu em 28 de agosto de 430, durante o assédio episcopal pelos vândalos.
Obras e edições
Escritos mais importantes de Santo Agostinho:
1. Confessiones: Esta obra retrata o reconhecimento das fraquezas humanas e exalta a bondade e a providência divina.
2. Retractationes: É uma revisão crítica de suas obras, com correções e indicações sobre os escritos.
3. Contra Academicos: Trata-se de uma refutação da doutrina do ceticismo.
4. De beata vita: é um dialogo, no qual Agostinho mostra que a verdadeira felicidade se encontra na verdade divina e na união com Deus.
5. De ordine: Trata do problema do origem do mal e do caráter universal da providência divina.
6. Soliloquia: Agostinho aborda o problema do conhecimento, das qualidades do sábio e da verdade.
7. De immortalitate animae: É uma continuação de Soliloquia, sendo frisado seu caráter inacabado.
8. De quantitate animae: Fala sobre a origem, a natureza e a imaterialidade da alma.
9. De Musica: Descrição do modo como o ritmo e o número nos conduzem ao Eterno.
10. De Magistro: É um diálogo sobre a função da linguagem e sobre Cristo, o verdadeiro mestre.
11. De Vera Religione: Visa provar que o cristianismo é a única religião verdadeira.
12. De libero arbítrio: Fala sobre a origem do mal, a liberdade e a razão por que Deus nos leu livre arbítrio.
13. De Trinitate: Os primeiros 7 livros explanam a doutrina da Trindade. Os 8 restantes penetram mais a fundo no mistério. É sua obra principal em matéria dogmática.
14. De civitate Dei: A primeira parte é uma apologia do cristianismo contra acusações de gentios que culpavam os cristãos pela ruína do Império Romano. A outra parte fala sobre teologia da história.
Há também outras obras de Agostinho de igual importância às descritas acima, principalmente as que tratam sobre comentários escriturísticos e escritos contra os maniqueus.
A vivência filosófica de Santo Agostinho
Agostinho recebeu os primeiros ensinamentos sobre Deus através de sua mãe. Porém ele foi educado na mais suma ignorância do cristianismo, pois apesar de sua mãe ser uma cristã exemplar sua formação teológica era quase nula. Agostinho só conheceu o Deus do cristianismo, através da leitura das epístolas de São Paulo.
Devido á pouca instrução cristã dada por sua mãe, Agostinho tinha influências da educação pagã que lhe foi dada na escola de Tagasta e Madaura. Em 371foi a Cartago para cursar retórica. Lá conheceu a mulher que viria a ser mãe de seu filho Adeodato. Seus conhecimentos sobre o cristianismo ainda era muito precário, por isto não é de se espantar que sua força moral estivesse declinando gradativamente. Entretanto algumas vezes frequentava a Igreja mas não tinha interesse pelo culto.Através da leitura do diálogo "Hortênsia", de Cícero, na qual contém uma exortação à sabedoria e ao estudo da filosofia, Agostinho despertou para a vida filosófica. Entretanto não deixou sentir a ausência do nome de Cristo.
Agostinho foi buscar a sabedoria na doutrina de Cristo, através do estudo da escritura. O estilo e a linguagem dos livros sagrados pareceram-lhe malfeitos e não correspondia ao ideal e as ideias ciceronianas. Agostinho sentiu-se desorientado e saiu em busca da sabedoria a conselho de Cícero mas não gostava da forma externa do Cristianismo. Agostinho tomou conhecimento da seita maniqueísta e aderiu ao racionalismo gentio-cristão dos maniqueus. Os maniqueístas menosprezavam os simples fiéis e prometiam aos seus adeptos um saber de ordem superior e a prova perfeita da verdade. Agostinho pensava que os maniqueus eram cristãos esclarecidos e livres das fábulas ridículas que circulava entre o povo simples. Ele se associou na seita por nove anos, mas como ouvinte. O materialismo dos maniqueus foi a fonte principal dos erros de Agostinho, neste período de sua vida. Porém o pior de seus erros foi o próprio orgulho, que o levou à preferir o saber a fé.
Sua Emancipação : Renúncia ao Racionalismo
Santo Ambrósio desvendou a sabedoria divina oculta na Escristura, distanciando-se a si e a Igreja docente dos disparates dos maniqueus e de muitos católicos. Esta descoberta provocou uma revolução no pensamento de Agostinho.
1. Agostinho descobriu a noção de espirito. O materialismo prático impediu Agostinho de ultrapassar o sentido concreto e imediato das palavras e imagens escriturísticas. Mas eis que os sermões esclarecedores de Ambrósio a desperta-lhe o significado profundo e até insuspeitado, que se oculta na linguagem figurativa da Escritura.
2. Agostinho reconhece não ser absurdo principiar pela fé. Agostinho deu-se conta de que cometera um erro ao submeter a doutrina da Igreja ao juízo imaturo de sua própria razão, e de havê-la rejeitado. Desejara começar pela ciência, e esta pretensão soberba fizera com que caísse vítima das ensinações absurdas dos maniqueus.
3. Agostinho reconhece haver recorrido aos inimigos da Igreja a fim de instituir-se na sua doutrina.
Sua Emancipação : Renúncia ao Materialismo
Após abandonar o maniqueísmo e antes de aceitar os dogmas da Igreja, Agostinho encontrava dificuldade ao tentar entender o mal. Em sua concepção, se todas as coisas foram criadas por Deus, que é a bondade divina, elas devem ser boas também. Logo, não há lugar para o mal. Então, o que é o mal? Essa pergunta foi respondida após Agostinho entrar em contato com as ideias do neoplatonismo. Esta doutrina possuía muitos pontos em comum com o cristianismo, principalmente, no que diz respeito ao Logos.
Primeiramente, ele entendeu a noção de Deus como uma luz incorporal, invisível e espiritual, princípio da verdade, o qual só nos é possível conhecer se livrando dos sentidos e das imagens sensíveis, deixando o mundo exterior e entrando no nosso mundo interior. Em segundo lugar, Agostinho adota a doutrina da divisão entre o ser absoluto e o ser participado. Acreditava que Deus era o único ser absoluto, logo, os outros seres são apenas relativos. Em comparação com Ele esses seres não têm verdadeira existência, já que apenas Deus é imutável, e as coisas são mutáveis.
Em terceiro lugar, Agostinho acreditava que todas as coisas são boas, porque se corrompem. Se não fossem boas não poderiam ser corrompidas. Assim, imagina-se que a corrupção necessita de certo grau de bondade. Já que tudo que existe é bom, o que não é bom, isto é, o mal, não existe. Logo, o mal é uma lacuna, uma ausência de algo que deveria estar presente. Por conta disso, o mal, que é um não-ser, não pode ter sido criado por Deus, pois o mesmo é o criador de todas as coisas e tudo o que Ele criou é bom.
Sua Emancipação : Renúncia ao ao Ceticismo
Agostinho quando era maniqueísta, tinha muito contato com filósofos dessa corrente, os quais buscavam uma explicação racional e natural dos fenômenos celestes. Porém ele não conseguiu se convencer dos fundamentos dessa seita e ficou profundamente decepcionado. Assim Agostinho, doente de alma e decepcionado com o maniqueísmo, continua na busca incansável pela verdade e acha em Roma , aquela filosofia que melhor se adepta ao seu momento caótico, o ceticismo. Através de Cícero, seu velho conhecido, o introduziu no ceticismo. A grande questão é que os céticos Acadêmicos3, ou da Nova Academia, duvidavam de toda possibilidade de verdade, sendo que Agostinho acreditava na certeza genuína das verdades matemáticas, bem como de muitas coisas presentes ao sentido. A doutrina cética rapidamente se mostrou insuficiente para satisfazer aquela implacável sede pela verdade que sempre marcou a vida desse filósofo. Agostinho durante toda a sua vida foi um filósofo ávido por respostas. O ceticismo, apesar de levantar questões que sempre o intrigaram, não era capaz de oferecer qualquer resposta aos seus questionamentos intelectuais e filosóficos. Ao contrário, afirmava não haver certezas em filosofia e que nenhum tipo de resposta seria possível, tendo o cético que se contentar com a dúvida. Essa característica cética o incomodou e fez com que se desiludisse também com essa doutrina.
Só que para Agostinho não bastava ele se desiludir com o ceticismo, era necessário mostrar para outras pessoas que por ventura também estivessem no estado de dúvida e desesperança que ele estava, o quanto era corrompedor e errôneo o ceticismo. Por isso ele escreveu três livros: “ Contra os Acadêmicos”. Agostinho através de pesquisas filosóficas encontra maneiras de refutar o ceticismo, afirmando mais uma vez, a existência de uma verdade certa e inabalável. Pode citar em tópicos: A evidencia imediata dos fatos; A evidencia do “Cogito”; A evidencia da verdade lógica; O ceticismo é auto destrutivo e desumano e Evolução histórica do ceticismo.
Os céticos afirmam o seguinte, que os sentidos provocam erro sempre, ou seja, podemos duvidar dos sentidos. Agostinho utiliza um raciocínio claro para refutar a verossimilhança4 dos sentidos: Primeiramente, esses erros não iram atingir a todos, por que quem busca a verdade pelo espírito, não busca a verdade pelos sentidos. Segundo, mesmo que os sentidos não conseguissem reproduzir fielmente a realidade , eles conseguiriam reproduzir alguma coisa. Um exemplo, é não há como negar que eu percebo a existência do solo, caso eu negasse a existência do solo, eu precisaria ver algo que me provasse a ausência de solo. Até para me iludir de que o solo não existe, eu precisaria ver algo que levasse a essa conclusão. Assim por mais que um Acadêmico dissesse que há duvidas de que o céu é azul, você continuaria acreditando no que seus olhos mostram.
A evidencia do “Cogito” foi exposta nas obras de Agostinho . O mesmo mostrou que não há erro capaz de destruir a verdade implícita na própria possibilidade do erro, a saber: a existência do sujeito que erra. A verdade está sempre a um passo adiante do erro. Pois bem, os céticos afirmam que pode-se duvidar de tudo, ou seja, duvidam de que vivem, recordam, entendem, querem , pensam, sabem e julgam. Assim, se o cético duvida, ele vive; se está em dúvida daquilo que ele duvida, é por que ele recorda de que um dia já duvidou; Se ele duvida, entende que está duvidando; Se duvida, é por que quer ter certeza de alguma coisa; Se duvida, pensa; Se duvida, sabe que não tem certeza das coisas; e se duvida, julga que não pode concordar com algo com medo do resultado. Assim mesmo que o cético duvide de tudo, ele não pode duvidar de que duvida. Assim ele não duvida de todas as coisas. Concluindo, existe uma verdade certa e inabalável, não pode-se duvidar de tudo.
A evidencia das verdades lógicas é irrefutável. Existem muitíssimas proposições condicionais que são sempre verdadeiras e nunca podem ser falsas, por exemplo: se professor tem o nome de Ronaldo, o seu nome não pode ser Alberto, ou Pedro. Também ,verdadeiras são também todas as proposições em que se afirma a impossibilidade de contradição, por exemplo: é impossível ser dia e noite no mesmo lugar e no mesmo tempo. O mesmo vale quanto ás proposições disjuntivas contendo o seu oposto contraditório, por exemplo: agora, ou durmo ou vigio. A evidencia que o ceticismo é autodestrutivo e desumano, é dado por um exemplo: Se os céticos duvidam de tudo, a lei moral que rege o código penal também pode ser duvidado. Assim tanto os criminosos podem justificar seus delitos sob o pretexto de terem agido com uma certeza meramente provável e contestar a sentença judicial alegando ser impossível concordar em cima de probabilidades. Por fim, Agostinho afirma que a evolução histórica do ceticismo, leva a concluir que o mesmo nada mais é que uma reação do espiritualismo platônico ao materialismo estoico. E assim, reduzido á esterilidade, o ceticismo estava condenado a perecer á mingua.
Para muitos, a meta suprema é o prazer humano, entretanto eles não querem visualizar ás coisas superiores, nem se perguntar o motivo pela qual as coisas sensíveis nos dá prazer. Se indagássemos a um arquiteto por que, depois de erguer um arco, ele constrói outro igual no lado oposto, ele responderia que seria para que houvesse simetria entre as partes do edifício, pois isso é harmonioso e belo. Porém o mesmo não falaria mais nada, pois desconhece os motivos de que depende sua arte.
Mas a um homem dotado de visão interior e contemplador do mundo invisível perguntaríamos por que aquelas coisas lhe agradam até que julgasse o próprio deleite humano. Pois assim ele sobreleva ao deleite, sem deixar-se dominar, porquanto não julga segundo ele, massobre ele.
Todo observador atento deverá perceber que não existe forma nem corpo aue não apresente algum vestígio de unidade, e que nem o corpo mais formoso poderá atingir a unidade perfeita a que ele deseja.
A beleza não é restrita a nenhum lugar particular; e visto estar presente a quem quer que julgue de acordo com ela, segue-se que não há lugar algum onde ela se encontre com sua eficácia.
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